A violência doméstica e a violência no namoro são duas formas de agressão que ocorrem dentro de relacionamentos íntimos. Embora sejam distintas, ambas têm em comum o fato de que ocorrem entre pessoas que se conhecem bem e que, em tese, deveriam cuidar uma da outra.
A violência doméstica é caracterizada por qualquer tipo de abuso físico, psicológico, sexual ou econômico que ocorra entre membros da mesma família ou que compartilhem o mesmo espaço habitacional. Isso inclui maridos, esposas, namorados, namoradas, filhos, pais e até mesmo idosos que sejam dependentes dos seus cuidadores. A violência doméstica pode se manifestar de diversas formas, desde empurrões e estalos, até agressões com objetos contundentes, passando por ameaças verbais, controlo financeiro, humilhações e outras formas de abuso psicológico.
Já a violência no namoro é uma forma de agressão que ocorre entre parceiros românticos que não convivem sob o mesmo teto. Embora não exista uma lei específica que defina a violência no namoro, muitas das formas de agressão são semelhantes àquelas que ocorrem na violência doméstica, como o abuso psicológico e a agressão física. No entanto, é importante destacar que, diferentemente da violência doméstica, a violência no namoro muitas vezes não é reconhecida pelos parceiros como uma forma de abuso, o que pode dificultar a identificação e o combate a esse tipo de violência.
Independentemente da forma como se manifesta, a violência dentro de relacionamentos íntimos é um problema grave que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Além do sofrimento físico e emocional das vítimas, a violência doméstica e a violência no namoro podem ter efeitos duradouros na saúde mental e no bem-estar emocional das pessoas envolvidas. Por isso, é fundamental que sejam adotadas medidas para prevenir e combater essas formas de violência.
Infelizmente, Portugal não é exceção quando se trata de violência doméstica e violência no namoro. Segundo dados do Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) de 2020, foram registados 26.770 casos de violência doméstica em Portugal no ano de 2019. O número representa um aumento de 6,1% em relação ao ano anterior. Em 2020, o número de mortes decorrentes de violência doméstica em Portugal foi de 17, segundo dados da Secretaria de Estado para a Cidadania e a Igualdade. Esse número representa um aumento em relação aos anos anteriores. Em relação à violência no namoro, uma pesquisa realizada em 2019 pelo Observatório da Violência no Namoro revelou que 60% dos jovens portugueses entre 13 e 21 anos já tinham sido vítimas de algum tipo de violência por parte de um parceiro ou ex-parceiro. A mesma pesquisa revelou que 21% dos jovens inquiridos admitiram já terem sido autores de violência no namoro. As formas mais comuns de agressão relatadas pelos inquiridos foram o controlo e a vigilância (61%), a violência emocional (45%) e a violência sexual (15%).
Estes dados mostram que a violência doméstica e a violência no namoro são problemas sérios em Portugal e que é preciso continuar a trabalhar na prevenção e no combate a essas formas de agressão. Além disso, é fundamental que sejam oferecidos mais recursos para ajudar as vítimas.
Com isso em mente, surgiu a ideia da criação de uma app disfarçada de calculadora, cuja função é captar sequências de movimentos bruscos e gritos, que seriam apresentadas a um gabinete de apoio á vítima, este que entraria em contacto dentro da própria aplicação, não deixando rastro visível ao agressor.
Além da principal função, também seria apresentado um "cofre" de informações, onde se guardaria fotos, prints, áudios, vídeos e qualquer evidência das agressões para utilizar como prova numa futura queixa.
Infelizmente em Portugal, ainda não existe a opção de contactar gabinetes de apoio a vítimas deste tipo de violência sem ser por email, chamada telefónica, mensagens e pessoalmente. Essas opções podem colocar a vítima em risco pois deixam rastro e são facilmente capturadas, o que mudaria com esta aplicação. Sendo a conversa feita inteiramente dentro da aplicação disfarçada de uma calculadora que só desbloqueia com um pin definido pela vítima, as chances de ser apanhada são mínimas.
A tentativa de contacto do gabinete seria anunciada com uma notificação pré-escolhida pelo utilizador, que irá identificar a mesma ao observar a notificação escolhida no seu telemóvel, mas que para o agressor será apenas uma notificação normal, "inútil", como por exemplo "Dia nacional do π! Carregue para mais informações."